P: Manuel Vieira, para quem não conhece, quem é o Manuel Vieira fora do atletismo?
R: Um ser humano comum e muito sinceramente, alguém cheio de defeitos. Vaidoso, obstinado, pouco dado a abdicar do rumo previamente traçado. A dupla personalidade que é atribuída aos nativos de signo de Gémeos aplica-se quase a 100% na minha pessoa, contudo, o auto-conhecimento desta característica faz com que esteja sempre alerta, para não vacilar e isso transforma-me num indivíduo que transparece pouca vulnerabilidade.
P: Faça-nos um pequeno retrato do que é actualmente o GDCCP!
R: O Grupo Desportivo é a mais ecléctica colectividade de Castelo de Paiva. Movimentamos dezenas de praticantes nas diversas secções de: Yoga, Ballet, Aeróbica, Karaté e Atletismo. Temos preocupações sociais, nomeadamente na vertente das relações interpessoais. Trouxemos a Castelo de Paiva ilustres pensadores, é nossa preocupação mostrar ao nosso povo que há várias formas de viver a vida. Corremos riscos… queremos correr riscos!
P:O GDDCP, tem vindo a conquistar cada vez mais espaço em Castelo de Paiva, acha que já têm, da parte dos paivenses, o reconhecimento merecido?
R: Não nos preocupamos com o reconhecimento, o nosso objectivo é acima de tudo proporcionar aos nossos patrícios qualidade de vida, proporcionar aos paivenses a possibilidade de evoluírem nas artes e no desporto de forma a encurtar a abissal diferença que existe em relação a terras bem próximas.P: Estamos a fechar mais uma edição do Circuito do Montanha, como classificaria a prestação do grupo ao longo desta época?
R: Começamos o Circuito bastante comedidos, vínhamos de uma época fulgurante, sabíamos que iríamos encontrar adversários de elevado peso, contudo, conseguimos ser Campeões de Portugal e conquistar também a Taça. Assim sendo, a época não teve o esplendor da de 2008, mas foi muito boa.
P: Quais são os planos para o futuro? Pensa que alguma vez o Grupo Desportivo poderá aspirar a vencer o circuito?
R: A esta pergunta tenho que ser pragmático. Somos paivenses, terra de muitas dificuldades, temos conseguido óptimas prestações devido ao nosso espírito que se caracteriza por imensa paixão, arrojo, dedicação; enfrentamos o dia seguinte com estes predicados, temo-nos dado bem. Já vencemos todos os títulos colectivos inclusive o Circuito, partimos sempre para vencer.
P. O trajecto do GDCCP é a especialização na corrida de montanha? Não teme que acabe por desperdiçar o talento dos seus atletas em provas de estrada ou em provas de pista?
R: Antes pelo contrário, a montanha será sempre nossa aliada, dá-nos robustez, espírito de missão, motiva-nos.
P: A pergunta anterior não é inocente, é reconhecido por todos que Amélia Vieira é uma grande esperança (se não certeza) do atletismo paivense, a aposta desta atleta no circuito de montanha é para manter? Não prejudicará a sua evolução das provas em pista, recordo aqui a vitória nos 5.000m dos Campeonatos Absolutos de Pista do Agrupamento das beiras?
R: Sem pistas em Castelo de Paiva, conseguimos o recorde de 1000m do meeting de S.Mateus; o recorde de 10000m júnior de Aveiro é nosso desde 1995. No caso concreto da Amélia, ela é uma fundista por excelência, falta-lhe melhorar os índices de confiança, precisa de sentir que é boa e então conseguirá resultados que farão dela uma grande atleta. Precisa também de paciência, muita paciência, porque tem tudo para vingar na modalidade. Tenho a certeza que a corrida em montanha lhe fará bem! Este ano melhorará todas as marcas em pista e estrada!
P: E Bruno Vieira, onde poderá chegar?
R: O Bruno tem condições inaptas. Contudo está em idade perigosa. Tem que apostar no conhecimento, tem de continuar atinado, se o conseguir vais ser grande o orgulho que a nossa terra terá dele. Mas retenho que o ócio, droga, álcool, conflitos familiares, já destruiu grandes promessas na nossa modalidade. Se o Bruno resistir, será um grande Bruno.
P: Para muitos paivenses não faz sentido existirem 2 associações no concelho dedicadas ao atletismo, porque não se fundem? Os projectos serão assim tão distantes?
R: Uma colectividade como a nossa que adoptou uma cultura revolucionária, um conceito de quase imortalidade sabe que poucos estão dispostos a correr como corremos. É difícil sermos entendidos nos métodos de treino, de competição. Algumas vezes não dormimos, pouco comemos, para estar nas provas longe de Castelo de Paiva. Por outro lado, acredito que há espaço para mais colectividades. Coabitamos muito bem. Não temos vontade de fazer um casamento por interesse… acreditamos no amor, só é atleta do Grupo Desportivo quem ama o Grupo Desportivo.
P:2009 fica marcado, inevitavelmente, pela organização da corrida das vindimas, como classificaria a organização dessa prova? É para repetir?
R: Foi uma jornada inolvidável. Desenhamos uma excelente corrida, envolvemos muita gente, conseguimos gerar uma empatia inimaginável. Foi uma simbiose perfeita. Organizamos muito bem, espero que se repita muitas vezes, vamos trabalhar para isso!P: Para 2010, quais são os planos do Grupo Desportivo?
R: De forma lata, pois até aqui só abordei aspectos relacionados com a corrida, o Grupo Desportivo, pretende melhorar todas as áreas, o Karaté tem tido um desempenho notável, vários títulos conquistados e organizações de excelência. O departamento das artes trabalha também de forma meritória. Os nossos planos são sempre os de melhorar. É possível. Vamos conseguir melhorar.
P: Qual é o grande sonho que ainda tem para o Grupo Desportivo de Castelo de Paiva?
R: Seremos mais fortes se Castelo de Paiva for mais forte e vice-versa. O nosso sonho assenta nas pessoas. Lutamos por uma melhor consciencialização, a partir daqui teremos em Castelo de Paiva um parque urbano, uma oficina de atletismo e o sonho será realidade.
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